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19 de Abril de 2024

Brasil versus Estados Unidos, quem cria mais entraves para a exploração de atividades econômicas?

O Brasil realmente é mais restritivo que os Estados Unidos, no que tange ao binômio desenvolvimento econômico versus restrições ambientais e urbanísticas?

há 9 anos

Nós costumamos ouvir, de muitas pessoas, críticas extremadas à dificuldade de se abrir um negócio no Brasil. São reclamações sobre as limitações e restrições ambientais, e como elas atrapalhariam o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico brasileiro, demora na abertura de empresas, na obtenção das licenças devidas, e no suposto alto grau de ingerência do Estado no negócio, através das restrições e balizas legais criadas para a exploração de cada um deles.

Nesta fase de eleições então, o assunto foi objeto de embates longos e discursos ácidos.

Tais manifestações exigiam dos leitores posicionamento entre o Estado social e o Estado liberal, entre esquerda e direita (apesar de não existir um partido realmente de direita no Brasil, hoje), entre o bem e o mal. E muitas vezes, os críticos, em seus discursos e textos, comparam nossa "dura" realidade com os Estados Unidos, e a suposta facilidade que qualquer pessoa lá encontra para abrir seu negócio. Mas será que essa é a verdade?

Não conheço a fundo todas as regras societárias e comerciais americanas, mas tenho estudado - por força da minha atuação profissional - a legislação de zoneamento territorial de alguns países, e esta semana me chamou a atenção um artigo publicado no site CityLand - New York City Land Use News and Legal Research, projeto do Center for New York City Law, da New York Law School, apontando as dificuldades de se abrir uma academia na cidade de Nova Iorque, um dos maiores centros urbanos dos Estados Unidos.

Além do artigo chamar a atenção para o fato de demorar de 4 a 6 meses para que os interessados em explorar tal empreendimento obtenham o equivalente americano à nossa Licença de Funcionamento - prazo este bem brasileiro - ele diz claramente que uma academia, para funcionar em Nova Iorque, deve apresentar uma espécie de relatório ambiental, identificando possíveis impactos ambientais e apresentando propostas de mitigação:

The gym owner is also required to file an application for a City Environmental Quality Review. A City Environmental Quality Review identifies potential adverse environmental effects, assesses their significance, and proposes measures to eliminate or mitigate significant impacts. Many of the items required for the Environmental Quality Review are also required for the special permit, and the applications may be filed together

Obviamente que meio ambiente aqui não remete a florestas, matas e assemelhados, mas sim ao meio ambiente urbano, tanto que a maior preocupação, no caso de academias, é o barulho. Mas mesmo assim é interessante vermos um País exemplo do liberalismo e modelo de baixa intervenção estatal, criar tantas exigências para a abertura de uma simples academia, em bairros densamente ocupados e absolutamente urbanos, em plena Nova Iorque.

Outro fato interessante, é notarmos que essa atividade (exploração de academias), só é permitida em alguns distritos comercias e industriais de Nova Iorque, e não na cidade toda. Essas regras, à princípio, tornam muito mais complicado e difícil a exploração de uma academia em Nova Iorque do que em São Paulo, ou no Rio de Janeiro.

E ai encerro com uma pergunta: será que as exigências e restrições ambientais e urbanísticas brasileiras são realmente um "atraso" ao desenvolvimento econômico brasileiro, como tantos pregam? Será que são tão pesadas e inúteis?

Não pretendo responder agora, mas sim deixar para reflexão. Inclusive minha.

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4 Comentários

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Não creio que sejam pesadas e inúteis, mas, apesar de ser totalmente contra o "neoliberalismo" e a simples "autorregulação" do mercado, acredito que todas estas exigências foram desvirtuadas de suas origens, ou seja, muitas vezes são utilizadas por fiscais e servidores inescrupulosos simplesmente com o intuito de "criar dificuldade pra vender facilidade".
O grande problema da regulamentação excessiva é que quanto mais burocrático fica, mais corruptível também é. continuar lendo

Concordo na essência Gustavo, mas instrumentalizada de outra forma: a completa falta de fiscalização. Diversos municípios "permitem", por exemplo, obras em total desacordo com as legislações ambientais e urbanísticas vigentes - provavelmente por conta de "caixinhas" recebidas por fiscais ou por interesses eleitorais (no caso de bairros mais carentes), que fazem as autoridades tamparem os olhos, e depois as Prefeituras não resolvem a situação, e buscam viabilizar o que já está feito através de alguma espécie de anistia. Viramos o País da anistia. O próprio novo Código Florestal, ao permitir aprovação de construções com limite de APP ao longo de cursos d'água reduzindo a área de preservação para 15 metros, nos casos de regularização fundiária, criou uma espécie de anistia. continuar lendo

Nada tão burocrático que um carimbaço junto com um engradado de Stella Atrois não pague.
Já para pequenos empreendedores, ir a um local tal qual Curitiba, nas Ruas da Cidadania, uma pessoa sai de lá como empresário, adquirindo todas as facilidades para o microempreendedor disponibilizadas para todo o Brasil. continuar lendo

O mesmo podemos dizer a respeito de alguns serviços oferecidos pelo Poupa Tempo, em SP. O que nos falta é seriedade nos serviços, não leis. continuar lendo